segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desafios da sustentabilidade no atual sistema-mundo: a complexidade

Desafios da sustentabilidade no atual sistema-mundo: a complexidade

Por trás da ordem estabelecida no universo, existe uma necessidade inerente de existir, por meio da criação de estruturas complexas, obtidas por combinações e conexões entre unidades diversas, em várias escalas de organização. Esse impulso criativo manifesta-se desde o mundo subatômico até o nível planetário e mesmo além dele, podendo-se saltar, por meio de combinações, dos elementos inertes aos seres vivos e o da vida à vida inteligente. Esse impulso tem como princípio a economia das estruturas ligadas, pois juntos os elementos da natureza conseguem minimizar a energia necessária para se autopreservar. A capacidade de gerar energia pela interação mútua (interativa/ cooperativa) é o que de fato distingue um sistema do outro. A complexidade dessa realidade relacional do mundo constitui-se da superposição de diversos campos de interações sociais, assim como de suas conexões com a natureza. O entendimento desse complexo multidimensional e multiescalar implicam em aprender a captar “o que está tecido em conjunto”. E a textura de uma rede muito intrincada, resultante da combinação de muitas variáveis, integrantes de diferentes dimensões da realidade, pode ser mais bem observada e avaliada, nas pequenas escalas de organização. A sustentabilidade vai depender da coerência estabelecida na ordem dessa integração, tanto interna, como nas interações que essa unidade apresente com outras escalas de organização, para a geração de condições ou propriedades favoráveis  à manutenção da vida ali existente. A sustentabilidade é a força motriz do desenvolvimento do sistema e ela depende, portanto, da lógica coerente de seu metabolismo, ou seja, dos fluxos estabelecidos de materiais e energia. É importante, nesse processo, saber, portanto, o que o sistema importa, assimila e reserva para manter em funcionamento sua organização, como também o que o que exporta.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sustentabilidade Ambiental

A sustentabilidade é um ideal sistemático que se perfaz principalmente pela ação, e pela constante busca entre desenvolvimento econômico e ao mesmo tempo preservação do ecossistema. Podem-se citar medidas que estão no centro da questão da sustentabilidade ambiental: a aquisição de medidas que sejam realistas para os setores das atividades humanas.
Os pontos elementares da sustentabilidade visam à própria sobrevivência no planeta, tanto no presente quanto no futuro. Esses princípios são: utilização de fontes energéticas que sejam renováveis, em detrimento das não renováveis.
Pode-se exemplificar esse conceito com a medida e com o investimento que vem sido adotado no Brasil com relação ao biocombustível, que por mais que não tenha mínina autonomia para substituir o petróleo, ao menos visa reduzir seus usos. O segundo princípio refere-se ao uso moderado de toda e qualquer fonte renovável, nunca extrapolando o que ela pode render. Em um quadro mais geral, pode-se fundamentar a sustentabilidade ambiental como um meio de amenizar (a curto e longo prazo simultaneamente) os danos provocados no passado. A sustentabilidade ambiental também se correlaciona com os outros diversos setores da atividade humana, como oindustrial, por exemplo.
A sua aplicação pode ser feita em diversos níveis: a adoção de fonte de energias limpas está entre as preocupações centrais, algumas empresas tem desenvolvidos projetos de sustentabilidade voltando-se para aproveitamento do gás liberado em aterros sanitários, dando energia para populações que habitam proximamente a esses locais. Outro exemplo de sua aplicação está em empresas, como algumas brasileiras de cosméticos, que objetivam a extração cem por cento renováveis de seus produtos. O replantio de áreas degradadas, assim como a elaboração de projetos que visem áreas áridas e com acentuada urgência de tratamento são mais exemplos que já vêm sido tomados.
Pode-se afirmar que as medidas estatais corroboram perceptivelmente com a sustentabilidade ambiental. Sendo necessário não apenas um investimento capital em tecnologias que viabilizem a extração e o desenvolvimento sustentável, mas também conta com atitudes sistemáticas em diversos órgãos sociais e políticos. Como por exemplo, a propaganda, a educação e a lei.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sociedade Insustentável ou Sustentável

Muito se tem falado hoje sobre o conceito de sustentabilidade nas organizações, embora o correto entendimento do termo e sua adequada amplitude ainda sejam freqüentemente mal interpretados. É comum ouvir economistas e empresários se referirem ao assunto querendo com isso apenas expressar suas preocupações com a estabilidade e a perenidade das empresas, ou das finanças do país, meramente focados no campo econômico.
Ao contrário, o conceito que defendemos se alinha com a visão de John Elkington por ele cunhada de “triple bottom-line” (ou a linha de base tripla, segundo uma tradução livre). Esse conceito considera que o resultado de uma organização deve ser mensurado em três dimensões: a ambiental, a econômica e a social, de forma indissociável. É, portanto, sobre esse tripé que devem ser pautadas as decisões de qualquer organização.
Os modelos de desenvolvimento econômico-industrial tradicionais colocam a humanidade em cheque. É verdade que nunca antes na história humana tantos viveram com tanta fartura, com tanta longevidade, com tanto conforto e com tantas opções para consumo. Contudo, estes “afortunados” são poucos em relação aos mais de 6 bilhões de seres humanos que habitam o planeta na atualidade. Mais de 4 bilhões de pessoas vivem hoje com menos de 1 dólar por dia, segundo dados do Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Trazer toda a humanidade a um padrão de vida digno, com acesso a alimentação adequada, saúde, educação e oportunidades de trabalho é uma questão ética de primeira ordem e um desafio gigantesco. Economistas como Jeffrey Sachs afirmam que há recursos financeiros e meios de produção para elevar o nível de vida de grande parte da população como nunca houve na história. Entretanto, a questão fundamental é como fazer isso, se hoje já são consumidos recursos naturais a uma taxa 40% maior do que o planeta Terra tem condições de repor.
Esse quadro de insustentabilidade não foi construído na geração atual, entretanto tem se acelerado nas últimas décadas. O protagonista mais conhecido, sem dúvida, tem sido o aquecimento global, cujas causas são comprovadas e principalmente decorrentes da queima desmedida de combustíveis fósseis.
A revolução industrial foi o marco histórico limítrofe entre sociedades humanas de baixo impacto - e, conseqüentemente sustentáveis – e as sociedades humanas atuais. A geração atual é, ao mesmo tempo, herdeira e reprodutora de um modelo insustentável de desenvolvimento.
Há quem diga que um pesado imposto será cobrado das gerações futuras. Essa visão aumenta em muito a responsabilidade da atual geração. É fundamental que outras formas de relação do ser humano com a natureza sejam assumidos e que novas tecnologias, de alta eficiência na utilização de recursos naturais e com mínimos impactos ambientais sejam desenvolvidos e adotados em larga escala.
O setor empresarial tem responsabilidades socioambientais especialmente relevantes, na medida em que concentra grande parte do poderio econômico na atualidade e é o principal lócus de inovação da sociedade. Iniciativas relevantes para a construção de sociedades sustentáveis, onde haja desenvolvimento humano e econômico integrados a um profundo respeito ambiental, precisam ser incentivadas, referenciadas e replicadas

terça-feira, 17 de maio de 2011

As correntes de pensamento geográfico e a região no contexto da modernidade.
A Geografia Clássica e a região.
 Nas últimas décadas do século XIX dá-se a institucionalização do conhecimento
geográfico, a partir da criação de cátedras de Geografia na Alemanha e na França. Estas duas
Escolas representariam os planos da sociedade burguesa, o conhecimento de novas terras e a 
aquisição de matéria-prima para a indústria que estava em expansão. Portanto tornava-se cada vez
mais necessário haver uma ciência que possibilitasse  conhecer, cartografar e conquistar outros
territórios, assim como constituir e afirmar um sentimento de nacionalidade. Dessa forma,  deu-se
à  Geografia um caráter de ciência fundamental naquele momento, cuja realidade era amparada
pelos propósitos do Estado-nação.  A Geografia, com a responsabilidade de dar respostas às
indagações  cientificas que surgissem sobre a realidade, serviria como instrumento do processo de
consolidação do capitalismo na Europa. 
No que concerne ao aspecto metodológico, a institucionalização da geografia, mesmo
dando-se no século XIX, constituir-se-ia dos princípios positivistas do século XVIII cujo
idealizador,  Emmanuel Kant, também é o inaugurador da disciplina de geografia. É com este
filósofo, segundo Lencioni (1999), que aparece a “idéia de que o fundamento da geografia é o
espaço” e a firma  ainda “que o espaço geográfico é de natureza diferente do espaço matemático,
porque divide em  ‘regiões’ que se constituem no substrato da história dos homens”. É portanto
com Kant que a região aparece, pela primeira vez ligada à idéia de espaço geográfico. A título de
lembrança, é importante relevar que embora  a geografia não tenha sido sistematizada nesse século,
conceitos como espaço e região, que se constituirão como categorias-chave da Geografia, 
aparecem como sistematizados de tal forma que servirão de trampolim para muitos futuros  estudos
geográficos.
Um fato a ser destacado é que este período, mesmo o que antecede à Geografia
científica, é marcado pelos preceitos da ciência moderna, “nascida do projeto iluminista e
institucionalizada dentro de uma vertente positivista e normativa” (GOMES, 1996, p.12). A
modernidade funda uma nova ciência racional capaz de  sustentar seu projeto. Neste sentido, cada
ciência tinha sua função na organização da sociedade. E com a  Geografia não poderia ser
diferente. A ela também estava reservado o seu papel. A sistematização de toda e qualquer
disciplina da época, social ou física, passaria pelos desígnios ditados por um modelo único ou
predominante, ao qual Santos M. (1997) chamou de “o paradigma dominante”.  Sobre este assunto
o mesmo  esclarece: Sendo um modelo global, a nova racionalidade científica é também um modelo totalitário, na
medida em que nega o caracter racional a todas as formas de conhecimento que se não
pautarem pelos seus princípios epstemológicos e pelas suas regras metodológicas (Idem, p. 10
e 11). 
Esse modelo era baseado no método positivista, uma doutrina que acreditava ter
superado o estágio do conhecimento metafísico substituindo-o por um conhecimento puramente
objetivo e progressivo. Este conhecimento, naturalmente, veio a exercer influência teóricometodológica significativa na ciência geográfica não só a clássica, mas, especialmente, a
quantitativa. No sentido epistemológico da Geografia, com a institucionalização universitária,  a
comunidade científica centrou seus estudos em duas diretrizes, norteadoras  do pensamento
geográfico as quais foram denominadas por Capel (1985) como: “problemas-chave definidores da
disciplina”. O primeiro referia-se ao “estudo da relação homem-meio” e o segundo ao “estudo da
diferenciação do espaço na superfície terrestre”. Esses dois problemas-chave  foram
sistematizadores da Geografia. No que diz respeito à região, que se constituiu como primeira
categoria, ambos definem duas diferentes abordagens no pensamento geográfico. A primeira delas
estaria na concepção ambientalista  que, intermediada por um aparato metodológico de base
naturalista, orientou a construção de alguns conceitos importantes na Geografia. Entre eles, o
conceito de região natural, que encontrou em Ratzel seu expoente, e a região geográfica, cujo
principal difusor foi Vidal de La Blache.  
Vidal de La Blache  (1845-1918) defendeu a região  enquanto entidade concreta,
existente por si só. Aos geógrafos caberia delimitá-la e descrevê-la. Segundo ele, a Geografia
definiria seu papel através da identificação das regiões da superfície terrestre. Nesta noção de
região,  acrescenta-se à presença dos elementos da natureza, caracterizadores da unidade e da
individualidade, a presença do homem. Esta concepção, embora de influência naturalista,  provém
do desdobramento de outras filosofias, paralelas ao positivismo, resultado daquilo que Capel
(1981) chamou de “reação antipositivista”.  Como exemplo de uma dessa reações, surge o
historicismo, apoiado na intuição. Influenciado por esta corrente La Blache produz um conceito de
região diferente daquele herdado da geologia, o de região natural.
  A partir da inserção do elemento humano na caraterização da paisagem regional, outra
dimensão pode ser evidenciada. Isto é, o processo histórico na relação homem-meio  é pela
primeira vez enxergado, acrescentando grande riqueza na análise regional. O resultado dessa formulação é o conceito de região geográfica, que possibilitou  a construção  de uma geografia
regional com um aparato “eminentemente descritivo, mantendo a tônica de todo o pensamento
geográfico” (MORAES, 1995, p. 77). Este conceito passou a ser objeto  de uma série  de grandes
teses regionais não só na França, mas também reproduzido no Brasil. O momento foi permeado
pelo incentivo às monografias regionais, na tentativa de conhecer o mundo a partir de suas partes,
das regiões. Logo, a região emergiu como categoria-chave na Geografia para a apreensão da
realidade e a geografia regional passa a ser uma diretriz no pensamento geográfico.  
  A inclusão das ações humanas na análise regional inovou os estudos da Geografia, mas,
por outro lado, causou o primeiro grande problema no interior da disciplina centrada no estudo da
relação homem-meio: a dualidade da ciência. Com esta  geografia teve que se desdobrar para
resolver este impasse. A solução estava na criação de uma Geografia regional capaz de dar unidade
à ciência. Dessa forma, paulatinamente, foram realizados muitos estudos regionais por todo o
globo, mostrando a eficiência das monografias regionais seguidoras da  proposta vidalina,
destacando a caráter único da paisagem, todavia sem preocupar-se com o estabelecimentos de leis
gerais, gerando uma segunda dicotomia. Agora, entre Geografia geral e Geografia regional. 
Foi esse novo  desdobramento que tomou a geografia que levou A. Hettner (1859-1941),
geógrafo alemão, a discordar do uso de um único método para as ciências naturais e humanas,
como propunha o positivismo. Já influenciado por outra corrente anti-positivista, o Neokantismo,
considerou necessário discutir  a temática sobre as ciências nomotéticas, aquelas voltada para os
estudos gerais, e idiográficas, aquelas voltadas para os estudos particulares. Para Hettner, a
geografia  era tanto uma como outra. “Era uma ciência da superfície terrestre segundo as
diferenciações regionais” (GOMES, 1995, p. 58). Isto afirmaria, o que se convencionou chamar de
caráter corológico da ciência. Hettner considerou ser, portanto, “o estudo dessa diferenciação
ponto central da geografia” (LENCIONI,  1999, p. 122).  Convém lembrar que este enfoque diz
respeito ao segundo problema-chave da disciplina que mencionamos anteriormente, referente à
diferenciação de áreas, marca do estudo regional.
O enfoque corológico  daria base para a   Geografia  regional e “evitaria o perigo do
dualismo geográfico” (CAPEL,1981, p. 320), resumindo-se na síntese dos problemas físico e
humano tão pertinente à geografia. Assim, estaria resolvendo um problema gnosiológico desta
ciência. Quem assimilou profundamente as teorias de Hettner foi Hartshorne que considerou o
conceito de diferenciação espacial, assim como a associação dos fenômenos heterogêneos numa
área, ou seja, numa região. É só nela que se combinam os elementos físicos e humanos. Conforme
Capel (1985, p. 338) “ao por ênfase na região os geógrafos adotaram uma estratégia
particularmente frutífera”. O método regional enraizou com muito sucesso por todas as escolas da
Geografia da época. 
Hartshorne, opondo-se ao conceito de região concreta de La Blache, enfatizou a região
enquanto criação intelectual e não entidade física auto-evidente. Esta forma de caracterizar região,
enquanto categoria autônoma, também atraiu a crítica de Lacoste (1993), que, reivindicando o
caráter político, denominou-a de “região-personagem: um poderoso conceito-obstáculo”. Para este
autor este conceito constrói os “geografismos”  e “nega, a nível do discurso, os problemas que
colocam  a espacialidade diferencial” (1993, p. 65). Não obstante, não foi essa crítica à região que
levou a crise da Geografia Clássica, mas, segundo Moraes (1995, p. 97), uma das  maiores razões
responsável pela crise desta Geografia, foi: “A falta de leis, ou de outra forma de generalização”.
Vítima de muitas críticas, esta corrente passaria, a partir de então, para uma fase de renovação de
seu método e de suas concepções de ciência e de ver o mundo.  

terça-feira, 10 de maio de 2011

Herbert Marshall McLuhan
“A nova interdependência eletrônica recria o mundo em uma imagem de aldeia global."
The new electronic interdependence recreates the world in the image of a global village.
"The Gutenberg Galaxy" (1962)
"O Meio é a Mensagem."
- título do livro "The Medium is the Massage"(1967)
"O homem cria a ferramenta. A ferramenta recria o homem."
- Variação: "Nós moldamos as nossas ferramentas, e posteriormente modelamos-nos às nossas ferramentas."
We shape our tools and thereafter our tools shape us.
Understanding Media: The Extensions of Man (1964)

Aldeia global

Aldeia global quer dizer simplesmente que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se intercomunicar diretamente com qualquer pessoa que nela vive.
Como paradigma da aldeia global, ele elegeu a televisão, um meio de comunicação de massa em nível internacional, que começava a ser integrado via satélite. Esqueceu, no entanto, que as formas de comunicação da aldeia são essencialmente bidirecionais e entre dois indivíduos. Somente agora, com o telemóvel e a internet, é que o conceito se começa a concretizar.
O princípio que preside a este conceito é o de um mundo interligado, com estreitas relações econômicas, políticas e sociais, fruto da evolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação (vulgo TIC), particularmente da World Wide Web, diminuidoras das distâncias e das incompreensões entre as pessoas e promotor da emergência de uma consciência global interplanetária, pelo menos em teoria.
Essa profunda interligação entre todas as regiões do globo originaria uma poderosa teia de dependências mútuas e, desse modo, promoveria a solidariedade e a luta pelos mesmos ideais, ao nível, por exemplo daecologia e da economia, em prol do desenvolvimento sustentável da Terra, superfície e habitat desta "aldeia global".
Na verdade, não deixa de ser verdade que, como já evidenciava a teoria do efeito borboleta (teoria do caos), um acontecimento em determinada parte do mundo tem efeitos a uma escala global, como mostra, por exemplo, as flutuações dos mercados financeiros mundiais. Neste sentido, o adjectivo global faria algum sentido, mas, apesar disso, seria restrito.
Na verdade, trata-se mais de um conceito filosófico e utópico do que real. Como afirmam muitos teóricos da globalização e alguns críticos do conceito que aqui discutimos, o mundo está longe de viver numa "aldeia" e muito menos global: o conceito de aproximação das pessoas numa aldeia, em que todos se conhecem e participam na vida e nas decisões comunitárias não se coaduna com a ideia de sociedade contemporânea. Além disso, partindo da ideia que o mundo está, de facto, interconectado, não deixa de ser verdade que, nesta aldeia, de nome tão utópico e optimista, muitos são os excluídos (apenas 26.6% da população mundial tem acesso à internet ).
Para termos uma idéia deste conceito, é preciso, pois, lembrarmos a sua ambivalência: por um lado, saber que parte do pressuposto de uma maior aproximação entre as pessoas e da consequente necessidade de uma responsabilidade e responsabilização global; por outro, saber que é um conceito exclusivo e, como tal, excludente.

Últimos pensamentos

Na sua última aparição na televisão, na Universidade de York, em Toronto, durante a primavera de 1979, fez uma síntese final da sua teoria. Tinha começado a olhar todos os artefactos humanos, desde os primeiros instrumentos até aos media electrónicos, incluindo os computadores, como extensões do corpo humano e do seu sistema nervoso e como componentes da evolução humana num contexto de seleção natural.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Herbert Marshall McLuhan

Herbert Marshall McLuhan
“A nova interdependência eletrônica recria o mundo em uma imagem de aldeia global."
The new electronic interdependence recreates the world in the image of a global village.
"The Gutenberg Galaxy" (1962)
"O Meio é a Mensagem."
- título do livro "The Medium is the Massage"(1967)
"O homem cria a ferramenta. A ferramenta recria o homem."
- Variação: "Nós moldamos as nossas ferramentas, e posteriormente modelamos-nos às nossas ferramentas."
We shape our tools and thereafter our tools shape us.
Understanding Media: The Extensions of Man (1964)

Aldeia global

Aldeia global quer dizer simplesmente que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se intercomunicar diretamente com qualquer pessoa que nela vive.
Como paradigma da aldeia global, ele elegeu a televisão, um meio de comunicação de massa em nível internacional, que começava a ser integrado via satélite. Esqueceu, no entanto, que as formas de comunicação da aldeia são essencialmente bidirecionais e entre dois indivíduos. Somente agora, com o telemóvel e a internet, é que o conceito se começa a concretizar.
O princípio que preside a este conceito é o de um mundo interligado, com estreitas relações econômicas, políticas e sociais, fruto da evolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação (vulgo TIC), particularmente da World Wide Web, diminuidoras das distâncias e das incompreensões entre as pessoas e promotor da emergência de uma consciência global interplanetária, pelo menos em teoria.
Essa profunda interligação entre todas as regiões do globo originaria uma poderosa teia de dependências mútuas e, desse modo, promoveria a solidariedade e a luta pelos mesmos ideais, ao nível, por exemplo daecologia e da economia, em prol do desenvolvimento sustentável da Terra, superfície e habitat desta "aldeia global".
Na verdade, não deixa de ser verdade que, como já evidenciava a teoria do efeito borboleta (teoria do caos), um acontecimento em determinada parte do mundo tem efeitos a uma escala global, como mostra, por exemplo, as flutuações dos mercados financeiros mundiais. Neste sentido, o adjectivo global faria algum sentido, mas, apesar disso, seria restrito.
Na verdade, trata-se mais de um conceito filosófico e utópico do que real. Como afirmam muitos teóricos da globalização e alguns críticos do conceito que aqui discutimos, o mundo está longe de viver numa "aldeia" e muito menos global: o conceito de aproximação das pessoas numa aldeia, em que todos se conhecem e participam na vida e nas decisões comunitárias não se coaduna com a ideia de sociedade contemporânea. Além disso, partindo da ideia que o mundo está, de facto, interconectado, não deixa de ser verdade que, nesta aldeia, de nome tão utópico e optimista, muitos são os excluídos (apenas 26.6% da população mundial tem acesso à internet ).
Para termos uma idéia deste conceito, é preciso, pois, lembrarmos a sua ambivalência: por um lado, saber que parte do pressuposto de uma maior aproximação entre as pessoas e da consequente necessidade de uma responsabilidade e responsabilização global; por outro, saber que é um conceito exclusivo e, como tal, excludente.
Últimos pensamentos

Na sua última aparição na televisão, na Universidade de York, em Toronto, durante a primavera de 1979, fez uma síntese final da sua teoria. Tinha começado a olhar todos os artefactos humanos, desde os primeiros instrumentos até aos media electrónicos, incluindo os computadores, como extensões do corpo humano e do seu sistema nervoso e como componentes da evolução humana num contexto de seleção natural.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Geografia do comportamento

A Geografia do Comportamento, ou Geografia Comportamental é uma abordagem da Geografia Humana que examina o comportamento humano através de diversos ramos do conhecimento. Geógrafos do comportamento se focam no processo cognitivo envolvido na percepção espacial, na tomada de decisões e no comportamento humano. Além disso, é uma ideologia que utiliza métodos e princípios do Comportamentismo para determinar os processos cognitivos envolvidos na percepção do meio por um indivíduo, inclusive sua resposta e reação.

Tópicos sobre geografia do comportamento.
Devido a seu nome, frequentemente se assume que teve suas raízes no Comportamentismo. Enquanto alguns geógrafos do comportamento claramente possuem raízes nesta linha de pensamento , por causa da ênfase na cognição, muitos podem ser considerados “orientados pela cognitividade”. O interesse comportamentista de fato parece mais recente e vem crescendo . Isto é particularmente bem observado no estudo da paisagem humana.
Este ramo do conhecimento se originou de antigos trabalhos comportamentistas como os conceitos de Tolman de "mapas cognitivos". Os geógrafos mais “orientados pela cognitividade” se focam nos processos cognitivos da percepção espacial, tomada de decisões e comportamento, enquanto os mais comportamentistas são materialistas, observando o papel dos processos de aprendizado básicos e como eles influenciam nos padrões da paisagem ou mesmo identidade de grupo dos indivíduos .
Os processos cognitivos incluem percepção do meio, localização, a construção de mapas cognitivos, identificação de lugares, desenvolvimento de sentimentos sobre espaço e local, decisões e comportamento baseados no conhecimento imperfeito do meio, e numerosos outros tópicos.
A visão adotada na geografia comportamental é próxima da utilizada na psicologia, mas se baseia em pesquisas de diversas outras disciplinas comoeconomia, sociologia, antropologia, planejamento de transporte e muitos outros.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Geografia política
Instrumento Ideológico.
O estudo da geografia política existe desde a Grécia antiga. A contração das palavras "geografia política" deu origem ao termo geopolítica. O termo foi criado pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, no trabalho "Staten som Lifsform" ("O Estado como um organismo", em português), de 1916.
Na interpretação de alguns estudiosos, os conceitos da geopolítica podem ser direcionados ao pensamento ideológico do Estado. Conforme os interesses e as concepções teóricas de um país se criam aspectos que direcionam a visão do mundo.
A definição dos estudiosos é que a geopolítica é uma forma para descrever tais coisas como: interpreta o espaço do ponto de vista do estado, e a geografia política, o estado pela visão do espaço. Um exemplo da utilização da geopolítica é do alemão Karl Haushofer, que tomou como verdadeiro algumas suposições e a utilizou como instrumento de propaganda, para interesses particulares, na Alemanha nazista.
Devido às teorias elaboradas pelos geopolíticos nazistas, os estudos de geografia política foram, por várias décadas, rejeitados pelos geógrafos, que os qualificavam como não científicos. Isso começou a mudar na década de 1970, quando ocorre a ascensão da geografia crítica, também chamada geocrítica. Um marco de grande importância nesse resgate da geografia política e da geopolítica, agora em novas bases teóricas e ideológicas, foi o lançamento do livro A geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra, do geógrafo francês Yves Lacoste.