segunda-feira, 6 de junho de 2011

Local e meio das unidades complexas
O sistema terrestre apresenta um padrão de ordem, manifestado pela estrutura, da qual fazem parte as várias subunidades, que se constroem e se relacionam criando campos de interação. Nesse macro-organismo vivo, portanto, a noção importante a ser construída para se compreender suas micro-estruturas de análise, vistas como totalidades multidimensionais, conforme já enunciava André  Cholley, desde 1948, é a de “combinação de complexo”. A combinação de complexo constitui a manifestação da combinação do conjunto da totalidade de elementos convergentes da realidade, em uma porção precisa da superfície terrestre, passível de ser identificada como unidade. Se expressa por fenômenos de convergência em campos interativos distintos, manifestando-se como ordem de complexidade, nas múltiplas dimensões e escalas de organização do planeta. É preciso compreender que a textura complexa de uma combinação, vista como subsistema do planeta, sempre apresenta uma localização específica, uma vez que a convergência de variáveis ocorre em um determinado plano de contato da superfície terrestre. Esse plano de contato constitui, o “local” da manifestação resultante dessa combinação. Assim, por exemplo, o vento que atinge um determinado plano de contato da superfície terrestre, sofre modificações, ao se combinar com a umidade e temperatura dadas pelas condições do local, em função da interação ali existente com as outras variáveis convergentes. Ao mesmo tempo, essa massa de ar em movimento contribui para modificar as outras variáveis, seja da dimensão biológica ou humana. Essas combinações atribuem características particulares ao local de manifestação. A individualidade local e da vida que o anima resultam, do modo pelo qual se agrupam se superpõem ou interagem as diferentes combinações. As variáveis integrantes dessa complexidade podem ser mais bem compreendidas, nas modalidades impostas por sua ação combinada. Assim, a forma de um relevo emerge da ação convergente de variáveis geológicas, hidrológicas e climáticas, como também sofre interferências de fatores biológicos e sociais. Da mesma forma, para se interpretar o fenômeno econômico, não se pode abordá-lo como simples abstração, sob pena de se transformá-lo em falsa individualidade, por estar fora de uma combinação localizada. O fenômeno econômico, como os outros (sociais, biológicos e físicos), é sempre expressão da coerência estabelecida nessa combinação de variáveis sociais, políticas, biológicas e mesmo físicas. O local de manifestação das variáveis convergentes apresenta existência objetiva, portanto, é constituído de estrutura e corporalidade. Retrata a ordem da maneira como tais variáveis se ligam e se relacionam. Portanto, o local é o construto formal das interações que incidem naquele plano de contato e constitui sua unidade estrutural, ou seja, a forma física da combinação, podendo ser delimitado, mapeado e observado. Os limites de um local, não só mantém a coerência da integração, como funcionam como interface de trocas de energia entre o "espaço interno" e o ambiente externo da unidade. Mas, a combinação também contribui para dar origem, no local de sua manifestação, a um “meio” particular, ou “ambiente”, expresso pelo campo das interações estabelecidas no plano de contato e desse com seu ambiente externo. O meio é o conteúdo da forma, interage com ela e por se tratar de rede de interações em movimento, responde pelo dinamismo da unidade. Assim o meio é o conteúdo (a energia) e o local a forma (a matéria) de cada unidade da superfície terrestre. O meio exprime o conjunto das condições oferecidas pelo local e serve de quadro de manifestação da vida ali existente. Como combinação em movimento, o meio manifesta tanto capacidade de se transformar internamente, como de alterar o ambiente no qual se insere, pois mantém relações dialéticas constantes com a sua forma e conexões com o ambiente no qual se insere. Nesse sentido, a análise da sustentabilidade implica, sobretudo, em uma abordagem local das várias combinações existentes na complexa estrutura do mundo. As combinações de interesse da análise da sustentabilidade local são aquelas intervenientes na totalidade do sistema e que dão origem a meios relativamente estáveis, duráveis ou de renovação periódica. Essas características  espaço-temporal dependem do padrão de comportamento dos elementos convergentes no conjunto das interações. Sendo assim, uma combinação que tenha um caráter excepcional ou irregular, pode até conduzir o local a graves conseqüências, provocando verdadeiras catástrofes, entretanto, sem contribuir para a criação de um meio verdadeiro, por não assumir um caráter estável ou se manifestar periodicamente.  Da mesma forma, combinações que só interessam a um indivíduo ou a uma categoria de variáveis, pouco contribuem para a caracterização da ordem que mantém do sistema.

2 comentários:

  1. Muito válida esta forma de abordagem, ja que nós estudantes de geografia precisamos pensar na sustentabilidade para um melhor funcionamento de mundo.

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  2. blog a geo esta... comenta

    tema de grande importância, a sustentabilidade também inclusa no papel da geografia visando crescimento e uso dos recursos naturais de forma consciente.

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